Christian Eriksen (seleção da Dinamarca), e Daley Blind (seleção da Holanda), já estão jogando na Copa do Mundo de 2022 no Catar com um aparelho desfibrilador cardíaco.
A Copa do Mundo 2022 no Catar começou com novidades no que se diz respeito a cardiologia do esporte. Isso porque dois jogares que estão atuando nesta copa, tem problemas cardíacos, e por conta disso, usam cardiodesfibriladores implantáveis (CDI).
Christian Eriksen é o caso mais recente: o meia dinamarquês sofreu um ataque cardíaco jogando por seu país contra a Finlândia na Euro 2021, em junho do ano passado. Por conta disso, o jogador passou a usar um desfibrilador, em seu coração. Com a liberação do comitê de saúde da FIFA, ele estreou na Copa, com um empate em 0 a 0 contra a Tunísia.
Outro jogador é o lateral holandês Daley Blind, que em 2019, durante jogo entre Ajax e Valencia pela liga dos campeões, teve sintomas de tontura. Blind foi diagnosticado com miocardite, inflamação do miocárdio, o músculo do coração. Ficou afastado dos campos para tratamento, implantou um CDI e voltou a jogar. E, assim como Eriksen, teve autorização dos comitês de saúde responsáveis pela Copa.
Portanto, eles têm em comum o uso de cardiodisfibrilador implantável, um desfibrilador subcutâneo para pacientes que têm uma doença cardíaca de base que causa arritmias cardíacas, e que é implantado abaixo da clavícula. É um aparelhinho da família do marcapasso, mas que dá um choque no coração quando há uma taquicardia perigosa ou um uma fibrilação ventricular e é indicado normalmente para pacientes com cardiomiopatia hipertrófica ou com miocardite.
A Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e Esporte contraindica o retorno ao esporte competitivo, especialmente o futebol, lutas e esportes aquáticos, para quem usa o CDI. Pois, em teoria, são pacientes de alto risco, já que possuem doenças de base pró-arritmogênicas, ou seja, que causam arritmias cardíacas. Além disso, há os riscos de trauma no local durante as jogadas de contato, com possibilidade de fratura de cabo e aparelho, choque inapropriado e choque d’água, para citar alguns – já que parte do aparelho fica dentro do corpo e parte do lado de fora, ligadas por um cabo.
No Catar o calor é forte e há uma grande perda de eletrólitos, o que também pode ser pró-arritmogênico. Por isso, veremos as comissões preocupadas com hidratação e teremos a primeira Copa da Mundo pós-pandemia. A maioria teve covid-19 e estão vacinados, e a miocardite não se mostrou tão prevalente como se temia no pós-covid. Porém, como a covid é uma doença nova e sistêmica, estaremos atentos a qualquer alteração clínica.
A expectativa é que seja uma grande Copa do Mundo e que possamos discutir ciência no esporte, acompanhar histórias, aprofundar conhecimento e mudar paradigmas.
Adaptado de: GE/EU Atleta